Colunista - Rinalme Emiliano

O Rock e resistência no Cariri – Epifanias de um saudosista

O Rock e resistência no Cariri – Epifanias de um saudosista
  • Rinalme Emiliano

Juazeiro do Norte é conhecida nacionalmente por seu legado religioso e pelas romarias ao Padre Cícero. A herança da religião é latente, e isso se vê na pujança do comércio local, que sempre se renova.

A terra ciceropolitana também é amplamente conhecida pela reverberação de sua cultura em todo o país e, sendo assim, temos uma herança que não é tão óbvia, mas de importância evidente: o espírito rebelde do rock e sua potência.

O rock ainda é rebelde? Em meio ao calor do Cariri, a cena alternativa pulsa com firmeza, resistindo bravamente às ondas do tempo, às modas e à predominância de outros estilos musicais, muito mais populares na região.

Eventos produzidos por pessoas que acreditam na cultura underground estão sempre mostrando a força da cena. É uma forma de reconhecimento diante da história do rock em Juazeiro do Norte, que não é recente, visto que, desde a década de 1960, o estilo já despontava. O rock fez seu tirocínio aos pés da estátua do santo popular, quando esta ainda estava em construção.

Jovens inconformados, desde as décadas seguintes, buscavam na distorção e no peso das guitarras uma forma de expressão — um grito de liberdade. Bandas independentes surgiram e desapareceram. Bares alternativos abriram suas portas, e a cultura underground passou a ganhar voz entre os muros da cidade.

Todavia, essa força se traduz em resistência e rebeldia atualmente?

Afirmo que sim, mas apenas naqueles que são, de fato, comprometidos em produzir: sejam eventos, sejam bandas, com seus lançamentos nas plataformas contemporâneas de streaming; e ainda naqueles que apoiam cada movimento da cena.

O mais fascinante, e o que mantém viva a chama do rock, é perceber que esse gênero se reinventa a cada geração.

Que venham novas bandas. Que as bandas antigas continuem pujantes. Mais do que um estilo musical, o rock no Cariri é resistência. É estigma de pertencimento para jovens (em idade ou não) que não se encaixam nos parâmetros tradicionais. É a trilha sonora de protestos, de sonhos e de uma juventude que não se cala.

Rinalme Emiliano, colunista de Cultura e Música do Informativo Sem Nome, também é radialista e apresenta, todos os domingos, o programa Confraria do Rock, na Juazeiro FM.

Rinalme Emiliano

Rinalme Emiliano

Colunista de Cultura & Música